"Eu gosto do claro, quando é claro que você me ama Eu gosto do escuro, no escuro com você na cama Eu gosto do não, se você diz não viver sem mim Eu gosto de tudo, tudo o que traz você aqui Eu gosto do nada, nada que te leve para longe Eu amo a demora, sempre que o nosso beijo é longo Adoro a pressa, quando sinto sua pressa em vir me amar Venero a saudade, quando ela está pra terminar Eu gosto da falta, quando falta mais juízo em nós..."
sexta-feira, 27 de dezembro de 2024
Alguém aí?
quarta-feira, 18 de dezembro de 2024
Primeira carta
Oi bebê, como você está?
Perdão por não estar me alimentando direito, eu gostaria de estar fazendo algumas coisas diferentes, mas os últimos dias têm sido difíceis.
Preciso ser honesta com você, estou com medo, muito medo. Não sei mais se seremos uma família, vai além do que eu quero e de como sonhei que seria, não depende de mim.
Não é sua culpa, os adultos podem ser muito complicados às vezes.
Se dependesse apenas de mim, seríamos uma família enorme e muito feliz, eu, você, o papai e muitos irmãozinhos, muitos bichinhos, muitas plantinhas, mas foge de mim o controle do que o outro sente, do que o outro pensa. E quando falamos do outro, temos que ter em mente que as pessoas são únicas, e não devemos depositar expectativas em ninguém, pois cada qual vive conforme a própria vontade, e não nos cabe questionar, somente respeitar, cuidar e amar, enquanto houver amor.
Talvez a parte mais complicada seja esclarecer como nos sentimos, para que o outro não se sinta ofendido, abandonado, trocado ou usado. É difícil. Às vezes ficar em silêncio pode ajudar, ou piorar. Nunca se sabe ao certo. Não existe fórmula mágica, existe falar e ouvir, se desculpar quando mal entendidos acontecem, e permitir que o tempo cure as feridas.
Nem todas as feridas podem ser curadas, e essa é talvez a maior verdade da vida.
No que me cabe, eu te amo minha sementinha, e amo muito o papai, independente do que ele decida de agora em diante, se ainda formaremos uma família juntos ou não.
Acima de qualquer coisa, a mamãe vai sempre tentar te dar o lar que a mamãe sonhou ter.
Vi duas garotinhas hoje, fiquei analisando o tamaninho delas, imaginei como vou me sentir quando você estiver do lado de fora, quando eu puder te encher de beijos, segurar suas mãozinhas, te fazer dar risadas gostosas. Fiquei imaginando como vou me sentir quando você me chamar de mamãe.
Era pra ser um momento tão feliz, mas eu estou me sentindo tão triste...
Passei a manhã inteira chorando e tentando disfarçar. Tenho certeza de que não são lágrimas de hormônios hoje.
Tem um pedaço de mim que está morrendo com essa situação toda. Tenho medo de, por falta de comunicação da minha parte, perder o papai, pra sempre.
Eu sei como é, quando a gente começa a desgostar de alguém. Acho que, no meu íntimo, lá no fundo, eu tinha certeza de que aconteceria um dia. Eu amo o papai, mas acho que dessa vez é irremediável.
Acho que seremos só eu e você...
Perdão.
Amo você sementinha.
sexta-feira, 27 de setembro de 2024
O começo do fim
É o começo do fim
Dos sonhos, dos filhos, da casa
Enfim
É o começo do fim
Do casório, da mudança, dos bichinhos
Do jardim
Tantas vezes eu me perguntei
Se poderia viver algo assim
E nas vezes em que eu errei
“E só sei que foi assim”
E você me disse antes de dizer
E eu já sabia que ia acontecer
A gente sempre diz que queria diferente
E quando a gente pode a gente não faz
E fica essa coisa que ninguém entende
Mais dias de luta que dias de paz
E agora o peso que eu sinto no peito
Esse aperto, o nó na garganta
É muito pior do que sentir medo
É tipo aquela lá que ninguém canta
É o começo do fim
Dos sonhos, dos filhos, da casa
Enfim
É o começo do fim
Do casório, da mudança, dos bichinhos
Do jardim
Essa angústia que invade no âmago
O choro que não quer parar
O embrulho que dá no estômago
A dor, a tristeza, o pesar
Não é tipo tempo que dá pra pensar
Ou tipo tempo pra se preparar
É tempo pra fazer sofrer
Tempo pra gente esquecer
Não ligo pro tempo, se tiver que esperar
Mas ligo pro tempo, se não posso te ver
É que a saudade só faz machucar
E a sua ausência é pior que morrer
Eu preciso aprender a deixar ir
Os sonhos que eu não posso ter
Achar que eu posso ser feliz
Às vezes é difícil entender
Aceitar que nunca vai ser diferente
Que a felicidade não me quer
Ou talvez eu não seja competente
Que sou só menina, não mulher
E depois no fim eu vou me culpar
Porque eu sempre vou esperar
Só que eu já conheço essa canção
E eu sei que ela acaba antes do refrão
Sabe amor, eu ainda vou estar aqui
Mesmo sabendo que você não vai
Porque eu não aprendi a desistir
Faz de mim a sua bonsai...
segunda-feira, 24 de junho de 2024
Sentimento Desativado
quarta-feira, 22 de maio de 2024
Eu me questionei
Qual é o preço que devemos pagar pela felicidade?
É justo considerar que tudo o que passamos nos prepara para tudo o que ainda passaremos?
Tristezas, alegrias, todos os momentos importantes e os que nem sabíamos que eram importantes na época...?
É justo sentir que a música que um dia ouvimos ao lado de alguém na verdade serve muito mais para ser sentida com outra pessoa?
Que os sentimentos compartilhados com alguém não fazem tanto sentido como imaginávamos, e que esses mesmos sentimentos são infinitamente maiores por outra pessoa?
Ou será apenas egoísmo e falta de consideração com o que foi vivido?
Como saber se tudo foi um grande preparo para algo maior, ou se é apenas fruto da nossa mente e tudo o que sentimos não passa de uma desculpa esfarrapada para cobrir nossas falhas e ingratidão?
É nosso o direito de seguir em frente? Ou isso seria egoísmo e devemos estagnar e deixar a avalanche nos cobrir, para só então, depois de todo o estrago, cavarmos o buraco de saída?
Podemos colocar a nossa felicidade acima da do outro, mesmo sabendo que causaremos dor nesse processo? Ou devemos nos sentirmos infelizes eternamente, enquanto o outro se satisfaz com o que restou do nosso amor-próprio?
É justo nos martirizarmos por ansiarmos pela nossa própria felicidade?
É justo com nós mesmos nos fazer todos esses questionamentos?